Sol e vitamina D: uma conexão bem próxima

Sol e vitamina D: uma conexão bem próxima

Quando você era pequeno certamente ouvia alguém mais velho, talvez sua avó, dizer algo mais ou menos assim: “Meu filho, fica um pouquinho lá no sol que faz bem para a saúde”. E ela tinha razão, uma vez que o banho de sol moderado e nos horários corretos (!!!!) é essencial para obtenção de uma substância essencial ao organismo: a vitamina D.

Tão necessária que, nos últimos anos, ela vem sendo relacionada à prevenção de câncer colorretal. Um estudo, publicado em abril deste ano na revista JAMA, mostrou que altas doses de vitamina D associadas à quimioterapia podem retardar o desenvolvimento do câncer colorretal metastático ou avançado.

Os cientistas envolvidos na experiência recrutaram 139 pessoas com câncer colorretal metastático sem tratamento prévio e os dividiram em dois grupos: voluntários que iriam receber altas doses de vitamina D e baixas dose do suplemento.

No primeiro grupo, a progressão nos pacientes parou por uma média de 13 meses, enquanto, no segundo, os participantes tiveram um atraso de 11 meses.

Charles Fuchs, autor sênior do estudo e diretor do Yale Cancer Center, em New Haven, EUA, declarou: “Os resultados do nosso estudo sugerem um melhor resultado para os pacientes que receberam suplementação de vitamina D. Estamos ansiosos para lançar um estudo maior para confirmar estes resultados provocativos”.

Tá, mas se sol provoca câncer de pele e a gente precisa dele para obter vitamina D, como que faz?

Exposição solar sem proteção ao longo da vida é o principal fator que desencadeia o câncer de pele. Isso é indiscutível e, por si só, já é motivo para deixar todo mundo precavido e estimular o uso ininterrupto de protetor solar.  

O que muita gente desconsidera, porém, é que não precisamos nos esconder completamente do sol e demonizá-lo, já que, através dele, nosso organismo recebe pelo menos 90% da vitamina D, sendo que o restante fica por conta da alimentação.

E como fazê-lo sem prejuízos? No mínimo três vezes por semana, antes das 10 da manhã, durante 15 a 20 minutos, sem filtro solar. É recomendado usar camiseta e bermuda. O filtro solar sai de cena pois fatores de proteção solar acima de 8 já impedem a absorção da substância. Chegou aos 20, aí, sim, pode (e deve) passar o protetor.

Os principais alimentos fontes de vitamina D que você deve manter por perto são:

AlimentosPorção (g)Vitamina D (microg)Vitamina D (UI)
Óleo de fígado de bacalhau13,5341.360
Óleo de salmão13,513,6544
Ostras cruas1008320
Peixes1002,288
Leite fortificado 2442,45100
Ovo cozido 500,6526
Carnes (frango, peru, porco)1000,312
Vísceras1000,312
Carne bovina 1000,187
Manteiga130,28
Iogurte2450,14
Queijo cheddar 280,093,6

Fonte: Associação Brasileira de Nutrologia

O corpo humano é muitíssimo inteligente e, ao perceber que o estoque de vitamina D está abaixo, ele logo emite sinais físicos e cognitivos como fraqueza muscular, infecções recorrentes, espasmos e problemas renais. Exames de sangue são capazes de detectar esse tipo de deficiência vitamínica.

Importante esclarecer uma coisa: eu escrevi vitamina para ficar mais didático, mas, na verdade, essa substância é considerada um pré-hormônio, isto é, sua produção é realizada da mesma forma que qualquer outro hormônio esteroide no corpo humano.

Funciona assim: o processo se inicia quando a luz solar entra em contato com a pele e atinge uma molécula de pré-colesterol, então, a molécula cai na corrente sanguínea e alcança o fígado, onde é transformada em calcifediol. Por fim, o corpo armazena no sangue e na gordura para usar posteriormente.

E você, já abasteceu seu organismo de vitamina D hoje?