Parece constipação, mas não é

Parece constipação, mas não é

Uma nova pesquisa do King’s College London, publicada no ínicio do mês passado no American Journal of Gastroenterology, revela que a percepção do público sobre a constipação difere drasticamente da dos médicos e das diretrizes formais de diagnóstico.

Como assim? Os pesquisadores coletaram dados de 2557 pessoas (das quais 934 tinham constipação autorreferida), 411 clínicos gerais e 365 especialistas em constipação. 

Eles descobriram que aqueles que relataram constipação, 94% preencheram os critérios diagnósticos formais (Roma IV). Surpreendentemente, no entanto, dos 1.623 que não relataram a constipação, 29% também atenderam a esses critérios. Quase um em cada três pacientes “saudáveis” estava, portanto, clinicamente constipado, mas não o reconhecia.

Usando estudos de caso, as taxas de diagnóstico correto da constipação variaram de 99 a 39%, dependendo dos sintomas presentes. Movimentos intestinais infrequentes, por exemplo, foram percebidos como importantes para o diagnóstico de constipação em menos de um terço da população geral constipada, comparados a 41% dos clínicos gerais e a até 65% dos médicos especialistas.

Sintomas

Os pesquisadores elencaram seis sintomas-chave que podem ajudar a formar uma nova definição de constipação. São eles:

⏩desconforto abdominal, dor e inchaço;

⏩desconforto retal sangramento por empurrar muito forte, dor ou sensação de queimação na região anal;

⏩evacuações infrequentes e fezes endurecidas (o normal pode variar de três vezes ao dia a três vezes por semana);

⏩disfunção sensorial (não ter o desejo de ir ou uma sensação de evacuação incompleta);

⏩flatulência e inchaço;

⏩incontinência fecal (vazamento descontrolado ou sangramento retal).

Essa elaboração é importante, conforme explica Kevin Whelan, chefe do Departamento de Ciências Nutricionais do King’s College, porque os pacientes que procuram atendimento médico para sintomas relacionados à constipação podem não ter seus sintomas reconhecidos como constipação pelo médico e, portanto, podem não ser tratados como tal. “Isso poderia afetar significativamente o acesso dos pacientes aos cuidados e ao tratamento”, opina ele.  

Quantas vezes é normal ir ao banheiro?

A resposta é: depende. 

No estudo, sete evacuações por semana foram a média entre pessoas que não estavam constipadas.

Contudo, três evacuações por dia a três por semana se qualificam como normais.

O ideal é, portanto, descobrir o normal para você e, se necessário, procurar por mudanças