Endometriose intestinal: precisa operar?

Endometriose intestinal: precisa operar?

A endometriose intestinal é uma doença que atinge a camada muscular do intestino e ocorre quando o endométrio, que é o tecido que reveste a parte interna do útero, cresce no intestino e dificulta o seu bom funcionamento.

A doença afeta aproximadamente 10% da população feminina brasileira.

A condição pode ser classificada como superficial quando as células do endométrio são encontradas apenas na parte externa do intestino ou endometriose profunda, quando penetra na parede interna do intestino.

Principais sintomas

A endometriose intestinal pode não causar sintomas, mas quando estão presentes, algumas mulheres podem relatar dor abdominal, dificuldade para evacuar, diarreia constante, dor durante o período menstrual e presença de sangue nas fezes.

Quando os sintomas aparecem fora do período menstrual, eles podem ser facilmente confundidos com outros problemas intestinais.

Como é feito o diagnóstico?

Se os sintomas persistirem, o médico deve ser consultado para uma análise inicial. Apenas o exame ginecológico pode não acusar a doença, então é importante a realização de outros exames, como ultrassom, ressonância magnética e até videolaparoscopia.

Os mais comuns são a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e a ressonância magnética da pelve. Também é levado em consideração o histórico clínico da mulher.

Em alguns casos, pode ser necessário mostrar resultados mais precisos. Para isso, pode ser feita uma biópsia ou um exame anatomopatológico da lesão.

A partir do diagnóstico, é acusado o nível da lesão e a necessidade ou não de realizar a cirurgia.

Tratamento

Nos casos mais leves, o tratamento indicado consiste no uso de medicamentos hormonais.

Já nos casos mais graves, o médico pode recomendar a realização de cirurgia para reduzir a quantidade de tecido endometrial e, assim, aliviar os sintomas.

Alguns fatores que contribuem para a necessidade de realizar a cirurgia como tratamento da endometriose, são a porcentagem da área do intestino afetada, a profundidade alcançada e o local acometido pela doença.

Além disso, avalia-se ainda o progresso do tratamento clínico e o desejo da paciente em engravidar ou não.

Procedimento cirúrgico no tratamento da endometriose

O tratamento cirúrgico da endometriose é recomendado na presença de sinais de obstrução intestinal mediante quadro de dores severas que não respondem a tratamentos hormonais ou crescimento das lesões, mesmo durante bloqueio hormonal ou quando a qualidade de vida da paciente passa a ser muito comprometida pela dor.

Neste caso, a mulher deve ser informada sobre os riscos e as complicações da intervenção cirúrgica.

Como a obstrução intestinal impede o trânsito natural das fezes, nestes casos, pode ser necessário fazer a ressecção da parte do intestino afetada pela doença.

Na grande maioria dos quadros cirúrgicos da endometriose, a parte do intestino removida é o retossigmóide.

Para isso, é recomendado o uso da laparoscopia, uma técnica minimamente invasiva que oferece menor trauma e recuperação mais rápida.

A técnica cirúrgica alternativa shaving é uma outra alternativa, normalmente indicada para lesões superficiais, na qual os focos de endometriose intestinal são removidos da parede do intestino sem precisar remover um segmento dele.

É fundamental que a paciente seja informada e orientada a respeito das perspectivas do procedimento cirúrgico no tratamento da endometriose.

A técnica tem como objetivo remover as lesões causadas pela doença, seus focos e ajudar a diminuir os sintomas, atrasando a sua progressão. A remoção da porção do intestino acometida pela obstrução busca prevenir outras complicações graves. 

Apesar do tecido endometrial pode ser retirado, infelizmente não é possível garantir a cura da endometriose.

Mesmo que a mulher aparentemente esteja curada após o tratamento, é preciso realizar exames regularmente para verificar se a doença não voltou.