A cirurgia de amputação de reto é um procedimento sério e complexo, geralmente utilizado como parte do tratamento para casos avançados de câncer colorretal. Esse tipo de cirurgia, também conhecida como ressecção abdominoperineal, envolve a remoção total do reto e, muitas vezes, de uma parte do ânus, resultando na necessidade de uma colostomia permanente, onde as fezes passam a ser eliminadas por uma bolsa externa conectada ao abdômen.
Recentemente, o tema ganhou visibilidade após a cantora Preta Gil, 50, revelar em entrevista que precisou passar por essa cirurgia como parte do seu tratamento contra o câncer colorretal. Diagnosticada em 2023, Preta compartilhou com o público que, após enfrentar uma recidiva da doença, com novos focos, a amputação do reto foi um passo necessário no combate ao avanço do câncer.
O que é a cirurgia de amputação de reto?
A amputação de reto é uma cirurgia que remove completamente o reto, a porção final do intestino grosso, localizada logo acima do ânus. Essa intervenção é geralmente indicada em casos onde o tumor colorretal está muito próximo ou envolve o esfíncter anal, o que impede que uma cirurgia de preservação do reto seja viável.
Após a remoção do reto, o paciente geralmente precisa de uma colostomia, que é a criação de uma abertura no abdômen para desviar as fezes para uma bolsa coletora externa. Esse procedimento é permanente e permite que o corpo continue eliminando os resíduos, já que o reto não está mais presente para desempenhar essa função.
Quando a amputação de reto é indicada?
A cirurgia de amputação de reto é indicada principalmente em casos de câncer colorretal avançado, quando o tumor está localizado muito perto do ânus e não há possibilidade de preservar o esfíncter, o músculo responsável pelo controle da evacuação. Alguns dos cenários em que essa cirurgia é recomendada incluem:
- Câncer colorretal em estágio avançado: Tumores que afetam a porção mais baixa do reto, especialmente se envolvem o esfíncter, necessitam de uma abordagem mais agressiva para garantir a remoção completa do tecido canceroso.
- Tumores recorrentes: Em casos onde há uma recidiva do câncer, como no caso de Preta Gil, e o tumor reaparece após tratamentos anteriores (quimioterapia, radioterapia ou cirurgias menos invasivas), a amputação de reto pode ser a única maneira de controlar o avanço da doença.
- Falta de resposta a outros tratamentos: Pacientes que não respondem a tratamentos como quimioterapia ou radioterapia podem precisar de uma cirurgia mais invasiva para garantir que o câncer não se espalhe para outras áreas do corpo.
- Comprometimento do esfíncter anal: Se o tumor comprometer o funcionamento do esfíncter, o que poderia causar incontinência fecal, a remoção do reto, acompanhada da colostomia, é uma opção para restaurar a qualidade de vida do paciente.
Quais são os riscos e desafios da amputação de reto?
Como qualquer procedimento cirúrgico invasivo, a amputação de reto envolve riscos e desafios. Os principais incluem:
- Complicações cirúrgicas: O risco de infecção, sangramento e problemas na cicatrização é elevado em cirurgias desse porte. Além disso, a criação da colostomia pode trazer complicações, como hérnias.
- Impacto psicológico: A colostomia permanente pode afetar profundamente a imagem corporal e a autoestima do paciente. A adaptação à vida com uma bolsa de colostomia pode ser desafiadora, e muitos pacientes enfrentam questões emocionais relacionadas à mudança drástica em seu estilo de vida.
- Risco de recidiva: Mesmo após a amputação do reto, existe a possibilidade de recidiva do câncer, especialmente se ele já se espalhou para outras partes do corpo.
- Incontinência urinária ou disfunção sexual: Dependendo da extensão da cirurgia e das áreas afetadas, os nervos ao redor do reto e do ânus podem ser danificados, resultando em problemas urinários ou sexuais.
O que esperar no pós-operatório?
O período pós-operatório de uma amputação de reto é desafiador, tanto física quanto emocionalmente. O paciente precisará de tempo para se adaptar à colostomia, aprender a cuidar da bolsa coletora e lidar com a nova realidade. É comum que o processo de recuperação inclua o apoio de uma equipe multidisciplinar, com médicos, enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas.
Alguns pacientes conseguem retornar a uma vida normal após um período de ajuste, especialmente com o auxílio de uma equipe de suporte. A adaptação à colostomia, embora inicialmente difícil, pode se tornar mais fácil com o tempo e a prática, permitindo ao paciente retomar suas atividades diárias.
O exemplo de Preta Gil
O caso de Preta Gil ilustra a gravidade do câncer colorretal em estágios avançados e a complexidade das decisões médicas envolvidas em seu tratamento. A cantora revelou que a amputação do reto foi uma das etapas necessárias para controlar a doença, após a recidiva com quatro novos focos de câncer. Sua história reflete a realidade de muitos pacientes que enfrentam essa difícil jornada e optam por compartilhar sua experiência como forma de conscientizar o público sobre a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento médico.
Podemos concluir que a cirurgia de amputação de reto é um procedimento importante no tratamento do câncer colorretal avançado, especialmente quando o tumor compromete o esfíncter ou é resistente a outras formas de tratamento. Embora traga desafios significativos, tanto físicos quanto emocionais, a cirurgia oferece uma chance de controle da doença e de melhora na qualidade de vida dos pacientes.
O caso de Preta Gil serve como um lembrete da importância de estar atento aos sinais e sintomas do câncer colorretal, buscando ajuda médica quando necessário. Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, maiores as chances de tratamento menos invasivo e de melhores resultados a longo prazo.