Nos últimos anos, o transplante de células-tronco no tratamento da doença de Crohn tem chamado atenção de médicos e pesquisadores ao redor do mundo.
A enfermidade é crônica, incurável e essa terapia foi utilizada no tratamento de algumas pessoas com casos graves, que não responderam à intervenções convencionais, como medicamentos e cirurgias de retirada de parte do intestino. Uma melhora significativa foi observada na maioria dos casos após o transplante.
As evidências de que o transplante pode beneficiar os pacientes de Crohn são recentes, e o tratamento ainda passa por testes clínicos. Os casos de sucesso dentro e fora do Brasil são de pacientes que ficaram tão debilitados pela doença que decidiram utilizar a terapia de maneira experimental.
Essa terapia pode ser comparada ao botão de “reiniciar” de um computador: o transplante de células vai resetar o sistema imunológico do paciente, fazendo com que o processo autoimune seja interrompido, ou pelo menos, que o curso da doença seja diferente.
A doença de Crohn é uma condição autoimune, ou seja, as células de defesa do corpo atacam ele mesmo, causando uma série de sintomas como fadiga, dor abdominal e diarreia com muco ou sangue. Aqueles que não respondem ao tratamento comumente utilizado podem perder grande quantidade de peso e precisar interromper todas as suas atividades cotidianas.
Como o tratamento com células-tronco é feito
Primeiro, os médicos precisam aprovar o paciente para participar do teste. É necessário verificar se a pessoa já passou por outros tratamentos e se a doença de Crohn ainda está ativa.
Aprovado, o paciente vai passar duas semanas no hospital para que as células-tronco sejam coletadas e, então, ir para casa por alguns dias. Depois, ele é internado novamente para passar por quimioterapia, erradicando todas as células imunes que estavam causando problemas.
Por fim, o paciente recebe suas células-tronco de volta para que o sistema imunológico se recupere. Todo esse último processo leva cerca de um mês e vale ressaltar que, após a quimioterapia, a pessoa estará muito vulnerável a todos os tipos de infecções.
Esse tratamento não oferece uma cura, já que mesmo que o paciente se veja sem sintomas após o transplante, as chances de a doença de Crohn voltar a se tornar ativa é grande. No entanto, essa terapia traz a possibilidade de o indivíduo passar a responder a medicamentos que não funcionavam antes do transplante, melhorando significativamente sua qualidade de vida.