O mês de maio marca uma importante campanha de conscientização: o Maio Roxo, dedicado a alertar sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII). Entre as principais estão a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa — condições crônicas que afetam o trato gastrointestinal e exigem atenção, cuidado e diagnóstico precoce.
Mas afinal, por que detectar essas doenças o quanto antes faz tanta diferença?
A resposta está na qualidade de vida do paciente, nas opções de tratamento disponíveis e na possibilidade de controlar os sintomas antes que causem complicações graves.
O que são as Doenças Inflamatórias Intestinais?
As DIIs são doenças crônicas que afetam o intestino e causam inflamações contínuas. Embora compartilhem características em comum, cada uma tem particularidades:
🔹 Doença de Crohn: Pode afetar qualquer parte do trato digestivo — da boca ao ânus. A inflamação costuma atingir todas as camadas da parede intestinal e pode ser segmentar (com áreas inflamadas intercaladas com áreas saudáveis).
🔹 Retocolite Ulcerativa: Afeta exclusivamente o cólon e o reto, causando inflamação contínua da mucosa intestinal.
Ambas podem se manifestar em qualquer faixa etária, mas geralmente surgem entre os 15 e 40 anos.
Sintomas que não devem ser ignorados
Os sinais das DIIs podem ser confundidos com outras condições digestivas comuns, o que torna ainda mais importante a avaliação médica especializada. Entre os sintomas mais comuns estão:
- Dor ou cólica abdominal frequente
- Diarreia persistente (com ou sem sangue)
- Sangramento retal
- Urgência para evacuar
- Perda de peso sem causa aparente
- Fadiga intensa
- Febre baixa
- Anemia
Em alguns casos, as DIIs podem causar manifestações extraintestinais, como dores nas articulações, problemas dermatológicos ou oculares.
Esses sintomas não devem ser normalizados ou ignorados. O diagnóstico precoce evita complicações e impede a progressão silenciosa da doença.
Como é feito o diagnóstico?
O processo de diagnóstico das Doenças Inflamatórias Intestinais é multifatorial, e envolve uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem. Os principais são:
Exames laboratoriais
- Hemograma completo
- Marcadores inflamatórios (PCR, VSG)
- Pesquisa de sangue oculto nas fezes
- Calprotectina fecal (indicador de inflamação intestinal)
Colonoscopia com biópsia
Considerada o padrão ouro para o diagnóstico, a colonoscopia permite a visualização direta da mucosa intestinal, além da coleta de amostras (biópsias) para análise histológica.
Exames de imagem
- Tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) de abdômen, para avaliar complicações como estenoses, fístulas ou abscessos.
O impacto do diagnóstico tardio
O atraso no diagnóstico pode levar a complicações sérias, como:
- Estreitamento do intestino (estenose)
- Fístulas (conexões anormais entre órgãos)
- Abscessos e perfurações
- Desnutrição
- Aumento do risco de câncer colorretal
- Necessidade de cirurgias invasivas
- Prejuízos psicológicos e sociais (isolamento, depressão, absenteísmo)
Além disso, o atraso no início do tratamento dificulta o controle da inflamação, reduz a eficácia dos medicamentos e pode tornar a doença mais agressiva e debilitante.
Por que o diagnóstico precoce é tão importante?
O diagnóstico precoce permite:
✔️ Início rápido do tratamento adequado
✔️ Melhora significativa na qualidade de vida
✔️ Redução da atividade inflamatória e dos sintomas
✔️ Prevenção de complicações
✔️ Maior adesão ao tratamento
✔️ Acompanhamento multiprofissional mais eficiente
Com o avanço da medicina, o tratamento das DIIs tem se tornado cada vez mais eficaz, especialmente quando iniciado precocemente. Medicamentos imunomoduladores, terapias biológicas, suplementação nutricional e mudanças no estilo de vida fazem parte de um plano de cuidado individualizado que ajuda o paciente a conviver com a doença com mais bem-estar e autonomia.
E a prevenção?
Apesar de as Doenças Inflamatórias Intestinais ainda não terem causas totalmente compreendidas, sabe-se que fatores como predisposição genética, resposta imunológica e influências ambientais (alimentação, estresse, tabagismo) estão envolvidos.
Por isso, manter uma alimentação equilibrada, praticar atividade física, controlar o estresse e evitar o uso indiscriminado de medicamentos — especialmente anti-inflamatórios — são formas de manter a saúde intestinal em dia e favorecer a detecção precoce de alterações.
Maio Roxo: uma campanha por mais diagnóstico, cuidado e empatia
Durante o Maio Roxo, reforçamos a importância do diagnóstico precoce das Doenças Inflamatórias Intestinais. Informar a população, capacitar profissionais de saúde e promover o acolhimento são passos fundamentais para mudar a realidade de milhares de pessoas.
Se você apresenta sintomas persistentes, procure um especialista. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhores serão os resultados do tratamento — e maior será sua qualidade de vida.