O intestino é considerado o nosso segundo cérebro. Por isso, não nos surpreende que estudos recentes demonstrem que a qualidade do sono também está ligada ao bom funcionamento desse órgão e à sua qualidade microbiota.
Nosso corpo é composto por diversas bactérias que trabalham em harmonia para auxiliar no funcionamento de todas as funções corporais, incluindo o sistema digestivo, a absorção de nutrientes e o metabolismo.
De forma mais didática, a qualidade da microbiota está intimamente relacionada à eficiência de comunicação do eixo intestino-cérebro e uma microbiota ruim pode afetar essa comunicação gerando distúrbios no sono tanto quanto o sono insuficiente causa desequilíbrios na microbiota.
As bactérias do intestino também são produtoras de neurotransmissores como GABA (um desacelerador da atividade cerebral), dopamina (atua no sistema nervoso central) e serotonina, que promovem a comunicação entre o cérebro e os neurônios do sistema entérico. Se a produção cai, a qualidade do sono é afetada – e as consequências podem ser graves.
Outras pesquisas também demonstraram que a serotonina, conhecida como o hormônio da felicidade e que ajuda a regular o humor, tem um papel significativo na qualidade do sono. Em estudos realizados em ratos, foi constatado que a deficiência do hormônio levou a ritmos circadianos interrompidos e aumentou o que chamamos de ciclos de sono-vigília ou sono agitado. Lembrando que, a maior parte da serotonina no organismo (acima de 90%) é produzida no intestino e os micróbios do intestino ajudam a regular a quantidade produzida.
Sono e doenças do intestino
De acordo com estudo da Clinical Gastroenterology and Hepatology, quem não dorme o mínimo recomendado – de sete a oito horas por noite -, pode ter um maior risco de desenvolver colite ulcerativa.
Em estudo anterior, a Clinical Gastroenterology and Hepatology já havia relatado que a má qualidade do sono também aumenta duas vezes o risco de desenvolvimento da doença de Crohn, em seis meses.
Todos estes dados, em conjunto, corroboram o impacto do sono no sistema imunológico. Por isso, ao buscar ajuda médica, não deixe de relatar a duração e qualidade do seu sono. Pequenos detalhes podem fazer toda a diferença no tratamento de doenças inflamatórias intestinais.
Consequências falta de sono
Além dos problemas intestinais, relatados acima, a falta de sono tem impactos altamente nocivos na saúde física e mental. Várias pesquisas demonstram que quem tem privação de sono apresentai risco muito mais alto de ter doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e depressão.
No curto prazo, algumas das consequências de dormir pouco são uma maior irritabilidade e um sentimento de ansiedade ou de tristeza. Já a longo prazo, as consequências podem ser mais sérias, levando a disfunções principalmente nos sistemas nervoso e cardiovascular, responsáveis por inúmeras funções vitais.
Continue lendo
Atividade física ajuda na saúde intestinal? Entenda!
Câncer colorretal – Verdades sobre a doença que você precisa conhecer
Cuide da sua mente: até 50% das doenças intestinais têm causa psicológica!