A Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), a Sociedade Americana de Anestesiologistas (ASAHQ) e a Fundação para a Segurança do Paciente de Anestesia lançaram uma nota conjunta sobre a realização de cirurgias eletivas em pacientes que estão se recuperando da Covid-19.
Desde que os hospitais voltaram a realizar cirurgias eletivas durante a pandemia da Covid-19, a determinação do tempo ideal para se realizar procedimentos em pacientes que se recuperaram da Covid-19 e do nível adequado de avaliação pré-operatória representa um desafio diante da atual falta de evidências ou de precedentes.
As orientações destinam-se a auxiliar hospitais, cirurgiões, anestesiologistas ou outros médicos que realizam procedimentos, na avaliação e programação destes pacientes, estando sujeitas a alterações à medida que novas evidências surgirem.
De acordo com a nota divulgada pelas entidades, todos os procedimentos não urgentes devem ser adiados até que o paciente tenha cumprido com os critérios de isolamento e cuidados de transmissão e a Covid-19 tenha entrado na fase de recuperação. Vale ressaltar que, as cirurgias eletivas devem ser realizadas em pacientes que se recuperaram da doença, desde que haja comum acordo entre o anestesiologista e o cirurgião ou outro médico que realizará o procedimento.
Para pacientes com a Covid-19 leve a moderada, é necessária a repetição de testes RTPCR por um período após o aparecimento inicial dos sintomas. O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomenda que os médicos utilizem uma estratégia baseada em tempo e sintomatologia para decidirem quando os pacientes com Covid-19 não estão mais transmitindo o vírus.
Qual o tempo adequado entre a recuperação da Covid-19 e a cirurgia, de modo a minimizar complicações pós-operatórias?
O momento exato da cirurgia após um diagnóstico da Covid19 é importante quando se considera o risco de complicações pós-cirúrgicas. Os dados que abordam o tema são limitados: um estudo observou um risco significativamente mais alto de complicações pulmonares dentro das primeiras quatro semanas após o diagnóstico.
Uma infecção do trato respiratório superior no mês que precede a cirurgia foi observada anteriormente como sendo um fator de risco para complicações pulmonares no pós-operatório. Pacientes com diabetes têm mais probabilidade de apresentarem Covid-19 grave e têm maior probabilidade de serem hospitalizados.
Estudos realizados em 2009, durante a pandemia de gripe A H1N1, observaram que a função pulmonar continua a se recuperar até três meses após a Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA).
Com base nisso, os tempos de espera antes de cirurgia podem ser razoavelmente extrapolados e são um ponto de partida sugerido na avaliação pré-operatória do paciente recuperado da Covid-19.
O tempo exato para cirurgia eletiva após a recuperação da Covid-19 utiliza categorias que se baseiam tanto nos sintomas quanto na gravidade. Os tempos de espera sugeridos a partir da data do diagnóstico da Covid19, são:
- Quatro semanas para um paciente assintomático ou após recuperação de sintomas leves, não respiratórios.
- Seis semanas para um paciente sintomático (ex.: tosse, dispneia) que não necessitou de internação.
- Oito a dez semanas para um paciente sintomático que é diabético, está imunocomprometido ou hospitalizado.
- Doze semanas para um paciente que deu entrada na UTI devido à Covid-19.
É importante lembrar que esses tempos não devem ser considerados definitivos.
A avaliação de risco pré-operatório é feita de maneira individualizada e deve considerar a intensidade do trauma cirúrgico, as comorbidades do paciente, bem como o risco e benefício de se adiar a cirurgia por mais um tempo.
